Anos em salas de aulas, consultórios, corredores de hospitais. Nesse tempo todo, o médico é treinado para tratar e prevenir doenças. Mas, tão humano quanto qualquer paciente que atende, em algum momento da vida ele pode se ver no lugar do enfermo.
Este foi o caso da ginecologista e obstetra Miriam Sandini Trentin, que recebeu o diagnóstico de câncer de mama em abril de 2013. “Inicialmente foi um susto, achei que pela minha especialidade poderia estar livre deste mal. Além disso, recém havia acompanhado minha irmã mais moça no mesmo tratamento”, relata a médica.

“Inicialmente foi um susto, achei que pela minha especialidade poderia estar livre deste mal. ”
Recuperada do primeiro impacto, operou a mama no mesmo mês e não parou de trabalhar em nenhum momento:
“Precisei receber também a quimioterapia, a pior parte do tratamento, perdi o cabelo e precisei usar um implante capilar para seguir atendendo minhas pacientes. A maioria nem percebeu a troca do cabelo e contei pra algumas poucas pacientes que julguei que se beneficiaram com minha história”.
Miriam Sandini Trentin
Miriam acredita que o fato de ser médica tenha a ajudado na recuperação, na questão de abreviar o início da cura e conhecer os colegas que a tratam.
Ao mesmo tempo, saber de tudo o que se passará a partir do diagnóstico a deixou ansiosa. Assim, escolheu ser paciente e seguir exatamente o que me lhe recomendado.

“Tenho certeza que também esse posicionamento me ajudou a transpor esse ainda assustador estigma de se ter câncer”.
Hoje, seis anos se passaram, e ela sente-se fortalecida pela experiência e mais atenta a humanização da Medicina no cuidado com as mulheres.
Além disso, acredita que este período a ajudou profissionalmente, pois “quando se passa pelas mesmas dificuldades que a nossa paciente, mudamos o olhar para aquela situação. Sempre procurei ter bastante empatia com as pacientes que passam pelo câncer, mas após a minha experiência bem-sucedida pude contribuir mais ainda com os relatos e incentivo ao tratamento”.